sábado, 28 de agosto de 2010

História da Usina Santa Maria


    Apresentamos aqui uma história interessante, que mescla bons e maus momentos. Diria resumidamente, que fala de um "mundo de sonhos", que desabou de maneira inesperada, atingindo diretamente o futuro de muitas pessoas.
    Narramos esta história, nos baseando no livro "Quem quebrou a casa de meu pai?", de Antônio Carlos Pereira Pinto, filho do senhor Jorge Pereira Pinto. Contamos também com depoimentos de pessoas que vivenciaram toda essa história.
    Jorge Pereira Pinto era proprietário de mais de 6 mil hectares de terra na região de Santo Eduardo e Bom Jesus do Itabapoana, alcançando, na sua extensão, o território do Estado do Espírito Santo. Todas as suas propriedades tinham nomes de santo. Como possuía dois engenhos, um chamava-se Santa Maria e o outro Santa Izabel, por serem primas como conta a Bíblia.
   Na parte central das propriedades, ficavam os engenhos de açúcar e as comunidades, onde viviam aproximadamente 8 mil habitantes, com belas residências, teatro, cinema, clubes, hospital, piscina para adultos e crianças, praça de esportes, bandas de música, orfeão, jardim de infância, escola noturna para alfabetizar os camponeses e diurna para os filhos dos operários. Havia também o armazém para vender gêneros alimentícios, bar com salão de sinuca e um armarinho.
   O maior orgulho de Jorge era o auto-abastecimento da vila. Para isso, havia uma pequena indústria de laticínios, uma torrefação de café, uma imensa granja com frangos, suinocultura, criação de coelhos, faisões e vacas leiteiras.
   Santa Maria era um lugar Bonito, com terras de alta produtividade. As estradas eram bem conservadas. As casa dos operários ficavam em cima dos morros que rodeavam uma parte lateral do engenho. O hospital, o cinema, o clube e a parte comercial ficavam embaixo, com ruas servindo de acesso aos trabalhadores.
   Era assim a vida nesta localidade, quando os filhos do senhor Jorge decidiram fazer a fusão das duas usinas. O velho não aceitava essa idéia porque achava que seria gasto muito dinheiro. Os filhos achando que o velho não estava em condições de administrar mais o patrimônio, fizeram empréstimos em dólares para unir as duas usinas, um projeto grandioso.
   O Banco do Brasil de Bom Jesus chamou os filhos para assinaturas dos contratos. Em poucos dias tudo estava oficializado. Haveria tanto dinheiro disponível e orçamentado que niguém se importava com as "estrelinhas".
   O negócio era a Grande Usina que se descortinava no horizonte...
   Com todo esse dinheiro, os filhos com olhos muito grandes, além da fusão das usinas, começaram a esbanjar em compras de casa na praia, visitas aos salões e as casa dos colegas, saborear whisky importado e fazer compras.
   As dívidas foram se acumulando, os credores querendo receber, foram se apossando de terras por conta do dinheiro que havia emprestado.
   Com isso veio a falência, a vila ficou escassa de emprego, fazendo com que os moradores saíssem para outras localidades em busca do seu sustento.
   Por conta disso, atualmente a realidade é de pobreza e abandono.
   Infelizmente, nossas crianças não podem desfrutar da mesma Usina Santa Maria que seus pais e avós conheceram.
  

15 comentários:

  1. Oi Eliette, li seu relatório sobre nossa saudosa Usina Santa Maria gostei muito, pois em seu relato conta como ela era e como entrou em decadência o resta hoje só lembranças. Quanta saudade daquela torcida pelo Santa Maria Futebol Clube,das famosas horas dançante aos domingos e muito mais alegrias que nos proporcionava.

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  2. adorei a postagem!
    Estive nesta localidade a poucas horas, há muito pouco relato dessa usina na internet. Você fez um excelente trabalho de pesquisa.
    Sou produtor de cinema, e, no sábado, gravarei uma cena de um documentário por lá.
    Um abraço e, parabéns!

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    1. obrigada.Gostaria muito de conhecer você.Para contar melhor a história da nossa cidade.
      Abraços

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  3. Gostaria de saber da Historia da Usina Santa Isabel. Seu antigo dono e nome anterior a anta Isabel, pois eu soube que se chamava Pau Ferro.

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    1. Sou nascida na Usina Santa Maria e o dono de Santa Isabel era o mesmo de Santa Maria, Sr. Jorge Pereira Pinto.E realmente Santa Isabel recebia o nome de Pau Ferro.De Santa Isabel sei pouco.
      Abraços

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  4. Linda a história antiga de Santa Maria, tempos bons que realmente nós vivemos, sou de Santo Eduardo mas tive muito contato com o povo de lá. Seu nome Eliete me faz lembrar uma pessoa que estudou no ginásio Nossa Senhora Aparecida nos anos 60/70, não sei se é vc, fui aluna de Dr. Renato e guardo ótimas lembranças de tudo que viví na minha adolescência.Meu nome é Fátima.
    Abraços.

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    1. Sou eu mesma.Que bom você ter me encontrado e eu com você.Tem Facebook? Me adicione
      Saudades.Me lembro muito de você.
      Abraços

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  5. Oi Elliete meu nome é Juracy Rodrigues, fui moradora da Usina de Santa Maria vim para o Rio de janeiro no ano de 1969. meu pai (Amaro Ignacio) trabalhava na Usina. Estudei na Escola M.da Conceição. Foi muito bom aquela época.Fiquei emocionada ao ver como tudo mudou, tenho parentes que ainda moram lá. Quem sabe agente Não conhece? Por um acaso ontem vi a noticia do falecimento de Renato P Pinto.

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  6. usina santa maria é um lugar maravilhoso e ideal prá se viver e criarmos nossos filhos junto a natureza e a pessoas de boas índoles apesar que já houve tempos bem melhores como foi dito anteriormente por exemplo quando eu era adolecente convivendo ai com meus irmãos e familiares trabalhei muito nesta antiga usina até quando foi possível depois vim morar e tentar a sorte aqui no rj,mesmo assim ainda tenho esperança de que tudo pode melhorar sim e ainda voltar a morar ai com minha esposa e minha netinha o que mais desejo é encontrar um lugar para trabalhar como caseiro aí em santa maria quem sabe?tudo é possível sim quando temos fé e isso não nos falta felizmente,até breve um abraço a todos.

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  7. Meu bisavô Ademar Amaral, morador de Santa Maria, foi fornecedor de cana de açúcar para a Usina Santa Maria até o seu falecimento em 1963. Ele levava a cana pra lá em um carro de boi, e depois um amigo dele chamado Tito (Pedro Daflon) comprou um caminhão, e a carga passou a ser levada no caminhão. Antigamente chamavam o centro de Santa Maria de "Chave de Santa Maria"

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  8. Meu nome é Marcone Amâncio da Costa, nasci e me criei lá, saí com 17 anos para morar em Areia aonde fiquei por 8 anos, quando papai João Sancho da Costa, motorista de caminhão, resolveu morar em Remígio depois que a Usina faliu. Quando passo por lá de vez em quando e vejo só o local da mesma dá vontade de chorar. Quanto a sua falência, deu-se porque o filho do dono, o senhor Solon Lins faleceu, o conhecido pai da pobreza Sr. Zezinho faleceu em um acidente de carro quando vinha do Recife no final dos anos 70. Quando ele morreu a mesma estava em terceiro lugar no nordeste em produção de açúcar e ele dizia que ia deixá-la em primeiro lugar, mas infelizmente faleceu e seu cunhado, um tal de Fernandão, foi tomar conta da mesma e conseguiu falí-la, deixando vários desempregados na época em toda àquela região. Infelizmente!

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  9. Minha mãe foi nascida e criada na Usina Santa Maria, o nome dela é Maria Antônia, conhecida como Tôninha.

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  10. Minha mãe foi nascida e criada na Usina Santa Maria, o nome dela é Maria Antônia, conhecida como Tôninha.

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  11. Minha mãe foi nascida e criada na Usina Santa Maria, o nome dela é Maria Antônia, conhecida como Tôninha.

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  12. Sou bisneta Sr Jorge! Fico imensamente feliz de ler esse relato! E mais ainda de saber o quanto ele foi importante e querido! Sou neta da única filha de Sr Jorge, Maria Lúcia! Tenho muitas lembranças da usina.

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