Apresentamos aqui uma história interessante, que mescla bons e maus momentos. Diria resumidamente, que fala de um "mundo de sonhos", que desabou de maneira inesperada, atingindo diretamente o futuro de muitas pessoas.
Narramos esta história, nos baseando no livro "Quem quebrou a casa de meu pai?", de Antônio Carlos Pereira Pinto, filho do senhor Jorge Pereira Pinto. Contamos também com depoimentos de pessoas que vivenciaram toda essa história.
Jorge Pereira Pinto era proprietário de mais de 6 mil hectares de terra na região de Santo Eduardo e Bom Jesus do Itabapoana, alcançando, na sua extensão, o território do Estado do Espírito Santo. Todas as suas propriedades tinham nomes de santo. Como possuía dois engenhos, um chamava-se Santa Maria e o outro Santa Izabel, por serem primas como conta a Bíblia.
Na parte central das propriedades, ficavam os engenhos de açúcar e as comunidades, onde viviam aproximadamente 8 mil habitantes, com belas residências, teatro, cinema, clubes, hospital, piscina para adultos e crianças, praça de esportes, bandas de música, orfeão, jardim de infância, escola noturna para alfabetizar os camponeses e diurna para os filhos dos operários. Havia também o armazém para vender gêneros alimentícios, bar com salão de sinuca e um armarinho.
O maior orgulho de Jorge era o auto-abastecimento da vila. Para isso, havia uma pequena indústria de laticínios, uma torrefação de café, uma imensa granja com frangos, suinocultura, criação de coelhos, faisões e vacas leiteiras.
Santa Maria era um lugar Bonito, com terras de alta produtividade. As estradas eram bem conservadas. As casa dos operários ficavam em cima dos morros que rodeavam uma parte lateral do engenho. O hospital, o cinema, o clube e a parte comercial ficavam embaixo, com ruas servindo de acesso aos trabalhadores.
Era assim a vida nesta localidade, quando os filhos do senhor Jorge decidiram fazer a fusão das duas usinas. O velho não aceitava essa idéia porque achava que seria gasto muito dinheiro. Os filhos achando que o velho não estava em condições de administrar mais o patrimônio, fizeram empréstimos em dólares para unir as duas usinas, um projeto grandioso.
O Banco do Brasil de Bom Jesus chamou os filhos para assinaturas dos contratos. Em poucos dias tudo estava oficializado. Haveria tanto dinheiro disponível e orçamentado que niguém se importava com as "estrelinhas".
O negócio era a Grande Usina que se descortinava no horizonte...
Com todo esse dinheiro, os filhos com olhos muito grandes, além da fusão das usinas, começaram a esbanjar em compras de casa na praia, visitas aos salões e as casa dos colegas, saborear whisky importado e fazer compras.
As dívidas foram se acumulando, os credores querendo receber, foram se apossando de terras por conta do dinheiro que havia emprestado.
Com isso veio a falência, a vila ficou escassa de emprego, fazendo com que os moradores saíssem para outras localidades em busca do seu sustento.
Por conta disso, atualmente a realidade é de pobreza e abandono.
Infelizmente, nossas crianças não podem desfrutar da mesma Usina Santa Maria que seus pais e avós conheceram.